Diálogo Mental da Menina Sem Cor

Senta. Engole. Cospe. Quem esfacela minhas tranças? Não importa. Ele tem a cor da sarjeta e seus olhos são sangue do vício.

É apenas mais uma tentativa de abraçar uma realidade crua, tão minha quanto sua – pura superfície de idéias modernistas despojadas de mim. Então por que faço?

Ah, bem sabes... sacanagens necessárias antes de aposentar as sapatilhas desbotadas e as bolachas de pacote.

Não, não me assusta a indiferença, mas sim a falta dela que acusa estagnação. Odeio isso. O movimento, ah sim, esse sim. Dos carros, dos transeuntes, da vagina, da caneta, do farfalhar das páginas.

Não tente descobrir quem sou. Sou filha do tempo, dos versos e do gozo. Até quando? Até minha primeira rima balzaquiana ou, quem sabe, até o próximo zíper.


- H

1 comment:

Renata said...

E de zíper em zíper vai-se colecionando segredos ;)