engrenagens mágicas dum sonho rouco

Posso dizer em mil palavras ou nenhuma o quanto tantas cousas loucas me corroem os pensamentos. Como num sonho surreal, onde você pega um bonde que tem grades e o buraco de entrada não te cabe, e, de repente, você está no seu quarto em tem simplesmente quatro camas dentro dele, não se sabe como todas couberam lá, quem faria isso? E como arranjou tanto espaço para fazê-lo? E tem também uns marmanjos com ares de marinheiro, aqueles tatuados e tudo o mais, todos alojados no seu banheiro cor-de-rosa, o engraçado são suas expressões infantis, quase que abobalhadas. Você fecha a porta pra trocar de roupa e ir ao trabalho. No caminho tem um homenzinho saindo do chão como se fosse uma planta, belas folhas compridas saem das suas axilas e o sorriso é cheio de florzinhas brancas, aquelas comuns em enterros ou campos. Sua cabeça dividida ao meio mostra engrenagens de máquinas e pássaros voam de mãos dadas à vagalumes; eu estou rouca e queria por tudo dançar com aquele galã lindo do ar, mas ele é manco e, envergonhado, disse não. De súbito, uma praia fria de águas doces e você ou eu desapercebíamos malícias das mariposas e contavámos as estrelas que caíam, elas sempre caem sabe, mas as luzes da cidade escondem este fenômeno, não sei por que. Talvez para nos impedir de fazer desejos. Mais tarde, caminhando, (onde você foi?) eu entrei num deserto e encontrei um menino que, chorando, me disse adeus. Eu não entendi nada, mas chorei também. Depois percebi que era meu melhor amigo e que ele havia partido sem volta. Enquanto isso flores cresciam no lugar dos meus cabelos e eu tinha orelhas de porta. Senti batidas leves e era uma música lá de Porto Alegre, os timbres psicodélicos, cantando 1401 já não existe mais. Senta aí, por favor, e conta esse dinheiro laranja pra mim, que eu não sei contar e preciso comprar peras. Cadê você?

1 comment:

Renata said...

Somos tanto e em tantas dimensoes, diferentes de um lado,do outro,dentro, fora... inspirando reaçoes e toques tão distoantes dentro de uma dita mesma natureza. E os olhos se confundem entre o real e o sonho...se é que existe mesmo limite entre. =****