ontem eu deitada na redinha azul ouvindo o cd cantar melodias, o short rasgado, cantarolava sozinha. fiz uns exercícios de yóga (não sei pq eu não consigo chamar de yôga, só yóga e fim). batidinhas suaves à porta, era o novo vizinho, lindo, olhos verdes (eu tenho um negócio com olhos verdes). ele toca piano, sax e tá aprendendo bateria. tem um jeito debochado e masca o chiclets com a boca aberta. mas é lindo tão lindo, branco que nunca viu o sol e os cabelos compriiiiidos e lisos dum castanho-escuro-dourado.
onde ele estava esse tempo todo eu não sei. tem uma genética impecável, os braços torneados. recita Allen Ginsberg como se fosse o próprio, o inglês impecável. estuda espanhol e quer conhecer o Peru. pena que é novo demais, tenho problemas com homens novos demais. e ele insiste e insiste e eu só negando a todo custo dar a flor pra ele, ou a semente, ou um beijo que seja. pode vir aqui, pode tocar, recitar, conversar, beber e fumar, eu não conto pra tua mãe, eu disse. ele riu, sempre ri das minhas besteiras infantis. mas aqui não tem nada além pra você, eu continuo dizendo e ele, continua rindo. sento na rede, o short rasgado, e o contemplo no sax, lindo lindo. aiai se ainda tivesse 17 anos...
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